segunda-feira, 10 de agosto de 2009
KARL MARX
Biografia
Idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda justa e equilibrada, o economista, cientista social e revolucionário socialista alemão Karl Heinrich Marx, nasceu na data de 05 de maio de 1818, cursou Filosofia, Direito e História nas Universidades de Bonn e Berlim e foi um dos seguidores das idéias de Hegel
Idéias marxistas
Este filósofo alemão foi expulso da maior parte dos países europeus devido ao seu radicalismo. Seu envolvimento com radicais franceses e alemães, no agitado período de 1840, fez com que ele levantasse a bandeira do comunismo e atacasse o sistema capitalista. Segundo este economista, o capitalismo era o principal responsável pela desorientação humana. Ele defendia a idéia de que a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema que, segundo ele, era o maior responsável pelas crises que se viam cada vez mais intensificadas pelas grandes diferenças sociais.
Este grande revolucionário, que também participou ativamente de organizações clandestinas com operários exilados, foi o criador da obra o Capital, livro publicado em 1867, que tem como tema principal a economia. Seu livro mostra estudos sobre o acúmulo de capital, identificando que o excedente originado pelos trabalhadores acaba sempre nas mãos dos capitalistas, classe que fica cada vez mais rica as custas do empobrecimento do proletariado. Marx escreveu também o Manifesto Comunista, onde não poupou críticas ao capitalismo.
Este notável personagem histórico faleceu em Londres, Inglaterra, em 14 de março de 1883, deixando muitos seguidores de seus ideais. Lênin foi um deles, e, na União Soviética, utilizou as idéias marxistas para sustentar o comunismo, que, sob sua liderança, foi renomeado para marxismo-leninismo. Contudo, alguns marxistas discordavam de certos caminhos escolhidos pelo líder russo.
Até hoje, as idéias marxistas continuam a influenciar muitos historiadores e cientistas sociais que, independente de aceitarem ou não as teorias do pensador alemão, concordam com a idéia de que para se compreender uma sociedade deve-se entender primeiramente
Capitalismo e Sistema Capitalista
Capitalismo é o sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção e pela liberdade de iniciativa dos próprios cidadãos.
No sistema capitalista, as padarias, as fábricas, confecções, gráficas, papelarias etc., pertencem a empresários e não ao Estado. Nesse sistema, a produção e a distribuição das riquezas são regidas pelo mercado, no qual, em tese, os preços são determinados pelo livre jogo da oferta e da procura. O capitalista, proprietário de empresa, compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens que, após serem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter um excedente denominado lucro. No capitalismo, as classes não mais se relacionam pelo vínculo da servidão (período Feudal da Idade Média), mas pela posse ou carência de meios de produção e pela livre contratação do trabalho e/ou trabalhadores.
CAPITALISMO
O capitalismo é um sistema de mercado baseado em vários princípios como: · Propriedade privada dos meios de produção. As pessoas,Individualmente ou reunidas em sociedade,são donas dos meios de produção. · A transformação das força de trabalho em mercadoria. Quem não é dono dos meios de produção é obrigado a trabalhar em troca de um salário. · A acumulação do capital . Em princípio, o dono do capital quer produzir pelo menor custo e vender pelo maior preço possível. O lucro é a diferença entre o custo de produção e o preço de venda do produto. · Para diminuir os custos, procura pagar o mínimo possível pelas matérias-primas, salários e outros meios de produção. · A definição de preços é feita pelo mercado, com base na oferta e na procura , isto é, na disputa de interesses entre quem quer comprar e quem quer vender produtos e serviços. No capitalismo, é o mercado que orienta a economia. · A livre concorrência. A concorrência é a competição na venda dos bens e serviços. Na prática, a concorrência em que todos são igualmente livres para produzir, comprar, vender, fixar preços, etc. não existe. Isto porque o mercado vem sendo dominado por grandes organizações , que expandem cada vez mais sua área de atuação através de fusões, incorporações e outros modos de ampliar negócios, eliminando pequenos e médios concorrentes.
COMUNISMO
O Comunismo (do latim communis = "comum") é um sistema econômico, bem como uma doutrina política e social, cujo objetivo é a criação de uma sociedade sem classes, sem Estado, baseada na propriedade comum dos meios de produção, com a consequente abolição da propriedade privada e caracterizada pelo controle dos meios de produção pelos trabalhadores através de associações livres de produtores
O Comunismo tenta oferecer uma alternativa aos problemas que são entendidos como inerentes à economia capitalista e ao legado do imperialismo e do nacionalismo. De acordo com a ideologia comunista, a forma para superar esses problemas seria a derrocada da rica burguesia, tida como classe dominante, em prol da classe trabalhadora - ou proletariado – para estabelecer uma sociedade pacífica, livre, sem classes, ou governo.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
MAX WEBER
MAX WEBERNasceu em 21 de abril de 1964 e faleceu em 14 de junho de 1920 na AlemanhaFoi o mais velho dos sete filhos de Max Weber e Helene Fallenstein. Seu pai, protestante, era uma figura autocrata. Sua mãe uma calvinista moderada. Ele foi, juntamente com Karl Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim, um dos modernos fundadores da Sociologia. É conhecido sobretudo pelo seu trabalho sobre a Sociologia da religião.De importância extrema, Max Weber escreveu a Ética protestante e o espírito do Capitalismo. Significante, também, é o ensaio de Weber sobre a política como vocação. Weber postula ali a definição de estado que se tornou essencial no pensamento da sociedade ocidental: que o Estado é a entidade que possui o monopólio do uso legítimo da ação coercitiva. A política deverá ser entendida como qualquer actividade em que o estado tome parte, de que resulte uma distribuição relativa da força.A política obtém assim a sua base no conceito de poder e deverá ser entendida como a produção do poder. Um político não deverá ser um homem da "verdadeira ética católica" (entendida por Weber como a ética do Sermão da Montanha - ou seja: oferece a outra face). Um defensor de tal ética deverá ser entendido como um santo (na opinião de Weber esta visão só será recompensadora para o santo e para mais ninguém). Análise da obraA análise da teoria weberiana como ciência tem como ponto de partida a distinção entre quatro tipos de ação:• A ação racional com relação a um objetivo é determinada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcance de fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim especifico, por exemplo: o engenheiro que constrói uma ponte. • A ação racional com relação a um valor é aquela definida pela crença consciente no valor - interpretável como ético, estético, religioso ou qualquer outra forma - absoluto de uma determinada conduta. O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter um resultado exterior, mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua crença consciente no valor, por exemplo, um capitão que afunda com o seu navio. • A ação afetiva é aquela ditada pelo estado de consciência ou humor do sujeito, é definida por uma reação emocional do ator em determinadas circunstâncias e não em relação a um objetivo ou a um sistema de valor, por exemplo, a mãe quando bate em seu filho por se comportar mal. • A ação tradicional é aquela ditada pelos hábitos, costumes, crenças transformadas numa segunda natureza, para agir conforme a tradição o ator não precisa conceber um objeto, ou um valor nem ser impelido por uma emoção, obedece a reflexos adquiridos pela prática. Tanto a ação afetiva quanto a tradicional produzem relação entre pessoas (relações pessoais), são coletivas, comunitárias, nos dão noção de comunhão e conceito de comunidade.Observe-se que na concepção de Durkheim, a comunidade é anterior a sociedade, ou melhor, a comunidade se transforma em sociedade. Já para Weber comunidade e sociedade coexistem. A comunidade existe no interior da sociedade, como por exemplo, a família (comunidade) que existe dentro da sociedade.Ação social é um comportamento humano, ou seja, uma atitude interior ou exterior voltada para ação ou abstenção. Esse comportamento só é ação social quando o ator atribui a sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas.Para Weber a Sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social. O principal objetivo de Weber é compreender o sentido que cada pessoa dá a sua conduta e perceber assim a sua estrutura inteligível. Com este pensamento, não possuía a idéia de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais, dando importância à necessidade de entender as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam essas situações sociais. A sociologia de Max Weber se inspira em uma filosofia existencialista que propõe uma dupla negação. Nega Durkheim quando afirma que nenhuma ciência poderá dizer ao homem como deve viver, ou ensinar às sociedades como se devem organizar. Mas também nega Marx quando diz que nenhuma ciência poderá indicar à humanidade qual é o seu futuro. Religião também foi um tema que esteve presente nos trabalhos de Weber. "A ética protestante e o espírito do capitalismo" foi a sua grande obra sobre esse assunto. Nesse seu trabalho ele tinha a intenção de examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos homens, procurando avaliar a contribuição da ética protestante, na promoção do moderno sistema econômico.Weber concebia que o desenvolvimento do capitalismo devia-se em grande parte à acumulação de capital a partir da Idade Média. Mas os pioneiros desse capitalismo pertenciam a seitas puritanas e em função disso levavam a vida pessoal e familiar com bastante rigidez. As convicções religiosas desses puritanos os levavam a crer que o êxito econômico era como uma bênção de Deus. Aquele definia o capitalismo pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível, e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo do lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o capitalismo.Para Weber o objeto de estudo da sociologia é a ação humana tendo sentido. Sentido esse que deve ser percebido pelo grupo que o indivíduo se encontra.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim nasceu na província francesa da Lorena no dia 15 de abril de 1858. Descendente de judeus franceses, seu pai, avô e bisavô foram rabinos. Ainda moço decidiu não seguir o caminho dos familiares levando, pelo contrário, uma vida bastante secular. Em sua obra, por exemplo, explicava os fenômenos religiosos a partir de fatores sociais e não divinos. Tal fato não o afastou, no entanto, da comunidade judaica. Muitos de seus colaboradores foram judeus e alguns, inclusive, seus parentes.
Entrou na École Normale Supérieure em 1879 juntamente com Jean Jaurès e Henri Bergson. Durante estes estudos teve contatos com as obras de Augusto Comte e Herbert Spencer que o influenciaram significativamente na tentativa de buscar a cientificidade no estudo das humanidades.
Durkheim formou-se em Filosofia, porém sua obra inteira é dedicada à Sociologia. Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma "Consciência Coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização", a consciência coletiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse "tudo" ele chamou de "Fatos Sociais", e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Em seus estudos, os quais serviram de pontos expiatórios para os inícios de debates contra Gabriel Tarde (o que perdurou praticamente até o fim de sua carreira), ele concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que só é possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai bem em algum setor da sociedade, toda ela sentirá o efeito.
A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem.
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber que as instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados. Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, de uma forma ou de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as conseqüências.
Aos problemas que ele observou, ele considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de "Anomana". A anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
VIDA E OBRA DE AUGUSTO COMTE
Vida e Listagem das Obras de Augusto Comte
Comte, o maior Filósofo da Humanidade, nasceu em Montpellier, no sul da França em 1798, nove anos após o início da Revolução Francesa em 1789 e morreu em Paris em 1857.
A sua assombrosa inteligência foi logo reconhecida aos 16 anos de idade, em 1814, quando Napoleão Bonaparte abdica e é restabelecida a monarquia a favor de Luiz XVIII, irmão de Luiz XVI, quando Comte entra para a Escola Politécnica.
Apaixonado pela cultura, foi influenciado por Aristóteles, Bacon, Descartes, Hume, Condorcet, Diderot, considerados precursores do Positivismo.
Na sua primeira fase, Comte lia todos os livros que podia comprar, com sacrifício até de sua alimentação. Logo depois, deixou de ler e começou a meditar.
Em 1817, com 19 anos de idade, descobre o princípio da relatividade e em 1822, com 24 anos, no ano de nossa Independência, ao cabo de 60 horas de meditação, sem dormir, descobre também a Lei dos Três Estados ou Lei da Inteligência, que lhe permitiu criar a Sociologia - Ele é o Pai da Sociologia Positiva.
Em 1825, com 27 anos, se casa com Carolina Massin, uma mulher frívola, que não se adaptou ao mestre Comte.
Devido as atitudes desrespeitadoras desta mulher, Comte teve uma crise nervosa em 1828, com 30 anos de idade; era um homem de sentimentos puros, e teve que interromper as aulas que começara a ministrar às celebridades da época.
Sua grande mãe veio a Paris e o ajudou no seu restabelecimento. Logo que restabeleceu a saúde, escreveu o seu curso de Filosofia Positiva, em seis volumes, editados entre 1830 e 1842.
Cabe aqui lembrar que Carolina, abandona o marido, que passou a lhe dar uma pensão, proporcional aos seus vencimentos de professor.
Em fins de 1844, já estava com 46 anos de idade conhece Clotilde De Vaux, devota-lhe um grande amor platônico, estado amoroso que o leva a plena criatividade, - É mais fácil criar amando. Esta mulher muito inteligente, mostra ao mestre outras facetas, do relacionamento humano, que o leva a criar a Moral Teórica e a Moral Prática. Mas logo perde a sua Inspiradora, que falece em princípios de 1846.
Augusto Comte se aproxima do Catolicismo, influenciado por Clotilde e também por suas reminiscências de infância, pois nascera em frente à Igreja de Santa Eulália.
A amizade do filósofo com os padres não significa um retrocesso à teologia, nem tampouco pode se considerar Positivista o literato religioso Lamennais, que foi excomungado, pelo simples fato de ter lido o livro de nosso mestre.
Em 1851 a 1854 (53 a 56 anos), Augusto Comte escreve o Sistema de Política Positiva em 4 volumes, que é o primeiro Tratado de Sociologia e postula a separação Espiritual e Temporal (Igreja independente do Estado)
Em 1857, com 59 anos vem a falecer, depois de definir e classificar as ciências, e criar a Sociologia Positiva e a Moral Positiva.
Sua vida foi um modelo de comportamento para os discípulos e suas idéias impressionavam e impressionam até hoje os intelectuais de todos os países civilizados.
Obras de Augusto Comte
Sistema de Filosofia, Positiva,em 6 volumes - 1830-1842, 5 edição,1892-1894 Versão Inglesa, por Miss Matineau, 2 volumes, 1853; 3 edição 1893, versão francesa deste volume, por M. Avezac Lavigne, 1871. Nova edição 1895.
Sistema de Política Positiva, ou Tratado de Sociologia instituindo a Religião da Humanidade. 4 vol, Paris, 1851-1854; 2 edição, 1881-1884; 3 edição Tradução para o Inglês por Richarde Congreve e outros.
Catecismo Positivista , ou Sumaria Exposição da Religião Universal . 1 volume , Paris 1852; 2 edição , 1874 ; 3 edição 1890 . Nova edição 1891, com prefacio de J. Lagarrigue e notas de Miguel Lemos.
Apelo aos Conservadores ; 1 volume, Paris 1855, 2 edição Tradução em Inglês e Português.
Síntese Subjetiva, ou Sistema Universal das Concepções próprios do Estado Normal da Humanidade. 1 volume , Paris , 1856, tomo 1 único publicado, contendo o Sistema de Lógica Positiva ou Tratado de Filosofia Matemática, 2 Edição
Testamento, Orações Quotidianas , Confissões anuais e Correspondências com Madame Clotilde de Vaux, 1 volume , Paris 1884 , 2 edição Tradução inglesa do Testamento.
Circulares Anuais (1850 - 1857) 1 volume 1866 - tradução inglesa.
Tratado Filosófico D' Astronomia Popular, 1 vol , Paris ,1845 ; 2 edição , 1893.
Tratado elementar de Geometria Analítica. 1 volume , Paris , 1841 ; 2 edição , precedida da Geometria de Descartes , em 1895. Tradução para o português , por vários alunos da Escola Militar do Rio de Janeiro. - Esgotada.
Cartas `a M. Vallat (1815-1844), Paris 1870
Cartas`a John Stuart Mill ( 1841-1844), 1 volume Paris 1877
Correspondências Inéditas de Augusto Comte. Paris elaborado pela Sociedade Positivista - , 1903 (4 volumes).
Cartas de Augusto Comte `a Diversos - Publicado pelos seus Executores Testamenteiros, Paris - 1902.- Três Volumes.
CONTINUAÇÃO
Auguste Comte
O Positivismo pregava a cientifização do pensamento e do estudo humano, visando a obtenção de resultados claros, objetivos e completamente corretos. Os seguidores desse movimento acreditavam num ideal de neutralidade, isto é, na separação entre o pesquisador/autor e sua obra: esta, em vez de mostrar as opiniões e julgamentos de seu criador, retrataria de forma neutra e clara uma dada realidade a partir de seus fatos, mas sem os analisar. Os positivistas crêem que o conhecimento se explica por si mesmo, necessitando apenas seu estudioso recuperá-lo e colocá-lo à mostra. Não foram poucos os que seguiram a corrente positivista: Auguste Comte, na Filosofia; Émile Durkheim, na Sociologia; Fustel de Coulanges, na História, entre outros, contribuíram para fazer do Positivismo e da cientifização do saber um posicionamento poderoso no século XIX.
Pode-se inclusive dizer que o Positivismo reduz o papel do homem enquanto ser pensante, crítico, para um mero coletor de informações e fatos presentes nos documentos, capazes de fazer-se entender por sua conta. "Os fatos históricos falam por si mesmos", dizia Coulanges, historiador francês.
Tão objetiva é a História para os positivistas que um de seus maiores ensinamentos é a busca incessante de fatos históricos e sua comprovação empírica. Daí a necessidade, como pregavam, de se utilizar na pesquisa e análise o máximo de documentos possíveis: para se obter a totalidade sobre os fatos e não deixar nenhuma margem de dúvida no que se refere à sua compreensão. A busca desses fatos deve ser feita por mentes neutras, pois qualquer juízo de valor na pesquisa e análise altera o sentido e a verdade própria dos fatos, modificando pois a própria História. Esta se tornaria uma ciência falha e totalmente fora de seu caráter científico, e portanto destituída de valor e validade. Coulanges chega a afirmar que a "História não é arte, mas uma ciência pura (...) a busca dos fatos é feita pela observação minuciosa dos textos, da mesma maneira que o químico encontra os seus em experiências minuciosamente conduzidas". A objetividade, a minuciosidade, o detalhe e a dedicação impessoal, portanto, são as grandes lições da escola positivista para o estudo da História no século XIX e no início do XX. Os historiadores que, nessa época, tentaram provar outras formas de se estudar a disciplina foram desconsiderados e postos à margem. Numa sociedade européia que buscava seu próprio desenvolvimento e avançava rumo a grandes descobertas na ciência e na tecnologia, a cientifização que marcou a época também se espalhou para o campo dos estudos humanos, reduzindo o papel do profissional desse campo para um mero coletor de informações. A implicação de opiniões externas ao sentidos dos fatos históricos alterava a História, na opinião positivista, e eliminava assim sua legitimidade como saber de importância social.
Na Sociologia as propostas não se diferiam. Os conservadores, que originam os positivistas, pregavam em relação a essa disciplina que a não-existência de relações interpessoais entre os homens, tendo como conseqüência a não-constituição de uma sociedade, acabava por gerar o caos e a angústia em cada ser humano. Defensores do pensamento da sociedade medieval, na qual todos os grupos existentes (senhores, servos e clero) estavam totalmente ligados entre si e ditavam a força de cada feudo, consideram assim a sociedade fundamental para a organização dos homens e para o exercício de suas individualidades. Isolados, o homem não interage com um meio, mas fecha-se; ele deixa de se reconhecer no outro como um ser humano e não exerce suas capacidades (raciocínio, erudição, etc.) que o definiriam como humano único, individual. Não tem para quem as exercer e como aprender coisas novas, pois todos estão isolados. Consequentemente, caem em estagnação, angustiam-se e banalizam-se. Daí vem as perspectivas definidas pelos conservadores a respeito do homem dessa época: a criação da massa atomizada, facilmente controlada e seguidora de pensamentos formulados, incapaz de agir contra tal controle; a alienação de suas próprias pessoas, em função dessa perda de relações e a entrega pessoal a um mundo massificado, igual; e a subordinação a um poder maior, que acaba por mantê-los nessa aurora alienante de vida, em vez de fazê-los escapar dessa realidade triste e angustiante. Portanto, as correntes de pensamento voltadas à individualidade e a uma cientifização da vida e conhecimentos humanos não os ajuda a evoluir, mas sim banalizar e quebrar as sociedades.
Daí os conservadores afirmarem que "o homem existe apenas dentro da sociedade e para ela"
A Sociologia e a História também têm decisivo papel ao ter como objeto de estudo o Conservadorismo. Ao contrário do que se pensava (ou ainda se pensa), ele não indica rigidez, intransigência ou imutabilidade. Tem estruturas presentes em nossa vida até hoje, que influenciam e regem nossos comportamentos, definindo um dos possíveis campos do trabalho sociológico. Inclusive podemos até concluir que, se não houvesse a interligação entre indivíduos formando sociedades e determinando diversas formas de organização, sistemas e afins, a Sociologia não existiria. Porque se ela não abrange os atos humanos em sua existência e em relação ao meio em que se localizam, torna-se falha e incompleta. Chegaria até a cair no mesmo erro proposto pelos Positivistas em relação ao estudo da História: segundo eles, esta ciência deve ser estudada sem considerar a atuação e participação humana, apurando "apenas os fatos" e desconsiderando o espaço humano nestes, segundo o pensador Fustel de Coulanges. Ora, a História e a Sociologia são Ciências Humanas, sem razão de ser se não estudam as sociedades. Sendo assim, o Conservadorismo, acima de qualquer suposição, é uma das formas de pensamento que permitem a realização da Sociologia e da História, ao propor um estudo coletivo e com a participação dos homens em sua constituição.
Estudo de caso: Durkheim e a sociologia positivista
O sociólogo francês Émile Durkheim representa, na Sociologia, uma transição na maneira de conceber e praticar os estudos relacionados a essa ciência: afinal, ao mesmo tempo que defende um posicionamento conservador, ao analisar a importância da sociedade sobre o indivíduo, avança em direção ao Positivismo, propondo a objetividade e o empirismo nos estudos humanos. Seus postulados sociológicos, guardadas as devidas proporções, também foram aplicados no estudo da História no século XIX e no início dos anos XX. Trata-se de um pensador ligado a correntes conservadoras do estudo social, defensor da visão de que a sociedade é mais importante e forte que os interesses individuais, de uma ordem social coesa baseada na integração entre os humanos constituindo sociedades e grupos sociais fortes, nos quais exista uma complementaridade entre as partes formadoras desse todo.
O pensador francês parte do princípio que a sociedade precede o indivíduo, ou seja, já existe antes de que o ser individual seja concebido. Muito antes dessa definição surgir com o Iluminismo, os humanos, desde seu surgimento, foram organizando-se e regendo as ações e relações que desenvolviam entre si por meio de normas e leis (formando, dessa maneira, sociedades). Portanto, a noção de organização social entre os homens sempre existiu, constituindo o que Durkheim chama de consciência coletiva, que é exatamente essa visão de um todo social, a complementação necessária e existente entre os humanos. Não existe indivíduo separado de uma noção coletiva e social, afirma o pensador; para se afirmar no mundo e sentir-se como um humano, ele precisa enxergar-se nos outros, ter contato com os que lhe são semelhantes. O conceito de indivíduo seria uma criação do modelo filosófico moderno, mas não se pode esquecer que foi criado pela própria sociedade, pelos seres que a formam. Isso comprova que a noção coletiva, ou seja, a organização social existia antes mesma do conceito de indivíduo surgir.
Durkheim deixa isso claro no Método para determinar a função da divisão do trabalho: os indivíduos necessitam de relacionamentos sociais porque, sozinhos, são incompletos. Não há humano que baste a si mesmo, sendo completo: ele cumpre uma determinada função na sociedade, mas necessita de outros humanos para complementar as funções que não exerce. Daí a divisão do trabalho por ele analisada: a complementação de deveres sociais interliga e aproxima os indivíduos, faz com que constituam entre si relações de solidariedade bem como uma coesão social. Cada ser conhece seu papel e procura desempenhá-lo da melhor forma, para que depois possam compartilhar seus esforços, solidarizá-los. E isso se estende não só no campo do trabalho, mas para todas as esferas da vida social. Como diz no Método, "os indivíduos são ligados uns aos outros(...) em vez de se desenvolverem separadamente, eles ajustam seus esforços; são solidários, por meio de uma solidariedade que não age somente nos curtos períodos em que trocam serviços, mas que se estende muito além" (pag.64).
Essa coesão social deve ser regida por leis, ou seja, pelo Estado de Direito, de modo a assegurar a boa ocorrência dessas relações. A vida social exige uma padrão de organização, ou seja, certas regras a serem cumpridas para garantir a permanência de sociedades baseadas na solidariedade. "A vida geral da sociedade não pode se desenvolver num certo ponto sem que a vida jurídica se desenvolva ao mesmo tempo e no mesmo sentido" (pag.67). A aceitação das regras implica na integração individual à sociedade, ao abandono dos interesses particulares para aceitar a visão de todo social, ou seja, assumir sua função social e complementar-se com os outros seres. Já o não-cumprimento das mesmas acarreta punições a quem não procura integrar-se. O papel das leis, então, é impedir que as relações sociais, calcadas basicamente na solidariedade, tornem-se frágeis e, em vez de contribuir para a verdadeira coesão social, não passem de laços intermitentes e frágeis. A lei é, pois, a aplicação das relações sociais, o elemento fundamental para a perfeita integração entre os homens.
Não há indivíduo livre fora das organizações sociais, prega o Conservadorismo.
É para Durkheim função da Sociologia estudar os fatos sociais e as relações de solidariedade e complementaridade existentes nas sociedades, pois é por meio deles que se entende as formas de organização e coesão das mesmas, mantidas por processos de coesão externos que são incorporados ao indivíduo desde cedo e que minam suas tentativas de emancipação pessoal, ou seja, viver de acordo com sua conduta pessoal. São, pois objetos sociológicos porque determinam a constituição das diferentes sociedades, suas normas de manutenção e até mesmo como se renovam (quando os hábitos e leis vão tornando-se arcaicos, dando espaço ao crescimento no seio social de condutas não concebidas; quando estas tornam-se dominantes, constitui-se o que Durkheim chama de "estado anômico", aquele com uma organização social baseada em práticas não-regidas pelas leis. Para impedir isso, deve o Estado perceber as transformações sociais a tempo e mudar a lei para incorporar as práticas antes não legais à lei), permitindo assim seu entendimento e estudo.
Mas como incorporamos as leis e os hábitos? Por meio do contato com a legislação, a família, os órgãos estatais, mas principalmente por meio da educação. A escola é, para Durkheim, a mais importante e poderosa instituição capaz de preparar as crianças e jovens para a sociedade, impondo-lhes o comportamento mais correto e a visão da consciência coletiva. É na escola que as crianças aprendem que deve-se negar a vontade pessoal e sacrificar-se em função do todo social; que terão uma função a cumprir na sociedade, e que para complementarem-se terão de se relacionar com os seus semelhantes. Ou seja, a escola deve internalizar a sociedade no indivíduo, impor-lhe padrões de conduta que o impeçam de seguir suas próprias tendências e regras que possam quebrar a coesão social. Cabe à escola, portanto, preparar as futuras gerações a seguir a moral social mais correta e aceita, sabendo que a sua transgressão e contestação implica em punições. "Toda a educação consiste num esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, sentir e agir às quais elas não chegariam espontaneamente(...) a pressão de todos os instantes que sofre a criança é a própria pressão do meio social tendendo a moldá-la à sua imagem, pressão que tanto os pais quanto os mestres não são senão representantes e intermediários" (pag.05), afirma o pensador francês.
Nesta última afirmação, Durkheim define as funções do educador e da família no processo de integração das crianças à sociedade. São estes porta-vozes que apenas transmitem as regras sociais válidas; não podem emitir nenhum juízo de valor pessoal a respeito das mesmas. Aqui Durkheim mostra seu lado positivista, ou científico. As regras sociais, ao serem ensinadas, devem falar por si mesmas, mostrar espontaneamente às crianças sua força e a necessidade de sua obediência. Dispensam a intervenção pessoal dos transmissores; pelo contrário, esta é totalmente descartada. Com isso, Durkheim procura estudar a Sociologia como se fosse uma ciência pura e exata, ou seja, que contenha verdades absolutas em seu próprio conhecimento, dispensando juízos particulares. Seria estudar os fatos sociais como um químico realiza experimentos: as fórmulas que este último chega falam por si, o químico não coloca seus valores na experiência; ele apenas a comprova e a apura. O sociólogo deve agir da mesma forma: comprovar os fatos e nada mais. O mesmo se espera do educador e da família: transmissão dos valores que mantém a sociedade em coesão e nada mais. Eles ensinam o que deve ser seguido ou não por si mesmos.
BIBLIOGRAFIA
BOURDÉ, Guy e MARTIN, Hervé. As Escolas Históricas. Lisboa: Editora Europa-América, 2000.
BURKE, Perter (org.). A Escrita da História - Novas Prespectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1992.
COULANGES, Fustel de. "Histoire des institutions politiques de l’ancienne France", in EHRARD, J. & PALMADE, G.P – L’Histoire, segunda edição, A. Colin, 1965.
DURKHEIM, Émile – "A função da divisão social do trabalho [Capítulo 1: Método para determinar essa função]" in Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
FEBVRE, Lucien. Combates pela História.3.ª edição, Lisboa: Editorial Presença, 1989.
NISBET, Robert – "Conservadorismo e Sociologia" in José de Souza Martins (org.) Introdução crítica à Sociologia Rural. São Paulo: Hucitec, 1986.
REIS, José Carlos. Tempo, História e Evasão. Campinas: Papirus Editora, 1994.